style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">Março é o mês da infidelidade partidária. Ou da traição. Ou, para ser brando, aquele em que o detentor de mandato legislativo eventualmente descontente com seu partido pode escolher outro, sem correr o risco de ir mais cedo para casa, por expulsão. O momento sagrado dos trânsfugas, também se pode dizer.
Há ainda outra situação, que não significa brabeza, senão que necessidade, diante da inviável reeleição, se continuar na mesma agremiação. Sim, tem gente que sai de um partido chorando, se é possível crer nisso.
Em Santa Maria, nessa aurora do 2020 eleitoral e às beiras do mês da saída (vai que alguns se ofendam com as palavras infidelidade ou traição), há gente nas duas situações.
Tome-se, por exemplo, João Ricardo Vargas (foto acima, à dir.). Acreditando ter eleitorado cativo e eventualmente ascendente, o ainda tucano, consta, se desiludiu com o PSDB. E não só com Eduardo Leite, o governador que parcela salários e quer mudar carreiras, inclusive na Brigada Militar, de onde o coronel é oriundo. Mas também haveria descontentamento com a gestão municipal, embora não se veja Vargas se insubordinando publicamente. É o caso do descontente típico.
Se o eleito pelo PSDB já tornou pública sua insatisfação, se dá como certa a mesma situação do colega dele, Juliano Soares, como também as de Ovídio Mayer (PTB) e de Leopoldo Ochulaki (PSB), conhecido como "Alemão do Gás".
Se outros existem, e isso não se pode descartar, são trânsfugas ocasionais, dados a reclamações pontuais mas, pelo menos por enquanto, imunes ao "vírus da traição partidária".
E a outra situação, aquela da debandada com dor? Sim, também há um caso na Boca do Monte. É o de Jorge Trindade, o Jorjão (foto à esq.). Nascido no PT, afiliado político ou amigo ou companheiro de ideias de Fabiano Pereira, deixou o petismo quase junto, mas optou pelo Rede Sustentabilidade e não foi ao PSB do ex-deputado.
E agora? Pode ir a PSB, claro, mas teme pelo mesmo problema que o aflige no Rede de Marina Silva: a dificuldade de garantir a reeleição, não obstante a popularidade pessoal. Relembre-se: em 2016, Jorjão se reelegeu por conta da coligação com o PSB e o MDB. Algo hoje legalmente impossível.
É verdade que Trindade gosta do Rede e se sente bem nele, como estrela única da companhia. Mas quem o conhece não tem dúvida de que ama mesmo é seu mandato. E como fazer para renová-lo? Pois é. Até março ele tem que se resolver. Fica e corre o sério risco da aposentadoria política precoce. Ou vai atrás de algum partido que o abrigue, mesmo contra a vontade dele.
Eleição na Câmara e as mágoas de Kaus
style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">
A turma do deixa-disso do MDB terá de entrar em ação. No mínimo para acalmar João Kaus (foto acima). No exercício do mandato desde os primórdios, com a ida, então, de Marta Zanella para o Executivo, o suplente de edil não esconde sua mágoa, ou um poço delas, com boa parte do partido.
Relembrando: Kaus, sempre alinhado com o Executivo, na companhia do outro suplente em exercício, Cezar Gehm, votou na chapa oficial para a Mesa da Câmara. Se recusou a votar em Adelar Vargas, do seu partido, e candidato dos oposicionistas.
Mas o que "pegou" meeeesmo, não obstante inexistir, até onde se sabe, posição oficial da sigla em relação hoje ao governo, foi a presença, na Câmara, de um punhado de graúdos emedebistas que foram apoiar Adelar Vargas.
Kaus ficou tão chateado, mas tããão chateado, que é possível notar isso na mensagem endereçada a este colunista.
Confira algumas frases: "Tenho boa possibilidade de deixar o partido num futuro próximo". Mais: "não estou gostando nem um pouco do andar da carruagem". Por fim: "Vieram aplaudir a derrota minha e do Cezar (Gehm). E a vitória do (Adelar) Bolinha com o PT. Para mim é suficiente".
Pooois é.
Novo fora da
eleição municipal?
Se a eleição fosse agora, o NOVO, não obstante ter o deputado estadual Giuseppe Riesgo, simplesmente estaria fora da disputa na cidade. Não só para prefeito, embora tenha alcançado 150 filiados, mínimo exigido pela direção nacional, mas também para vereador.
Resumindo: não se sabe o que farão em 4 de outubro, mas os novistas ficarão sem nome do partido para votar. A decisão é nacional, contou Riesgo à coluna. Que, foi possível perceber, ainda não perdeu a esperança. Mas, instado a medir as possibilidades, de 1 a 10, da presença do partido no pleito, cravou um "3". Sem muita convicção, é capaz de supor o escriba.
Por razões lá dos dirigentes, o mais liberal dos partidos, que se recusa a usar troco público nas campanhas, definiu que focará só em comunas maiores. Admite, no caso gaúcho, também ter cidades "apostas". Mas três, no máximo.
Sim, é isso mesmo. E é aí que, pelos critérios novistas, as escolhidas são Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul e Erechim. A Boca do Monte seria a quarta, se houver alguma mudança de critério. Então...
LUNETA
SERIA ELE
O jornalista Fabrício Vargas era considerado nome mais que certo para dirigir a Imprensa da Câmara em 2020, com a volta da oposição ao comando da Mesa Diretora. Era. Seu nome, porém, foi vetado por Luciano Guerra, a cujo gabinete está vinculado e para quem comandará a assessoria de imprensa na campanha eleitoral à prefeitura. Aliás, por conta disso, imagina-se, em algum momento deverá até deixar o próprio gabinete do vereador.
PARA ONDE...
O único edil que já confirmou publicamente sua intenção de trocar de sigla em março é João Ricardo (Coronel) Vargas, que deixará o PSDB. Só o que não se sabe, talvez nem ele, para onde irá. Em tese, só os partidos mais à esquerda, dada a, digamos, fluidez ideológica vigente, estariam fora de cogitação. Não, leitores, Vargas não irá para o PT, o PSOL, PSTU ou PC do B. Mas, então?
...VAI VARGAS?
A opção de Vargas, menos por incompatibilidade, mais por pragmatismo, não deve ser o PDT. Nem o PTB. Na verdade, há grandes chances, segundo observadores dos movimentos do coronel, que ele se aliste em sigla mais à direita e que fique na órbita, veja só, do PSDB local. Acontecimentos nacionais recentes (briga interna, inclusive) descartariam o PSL. Mas há quem imagine ser, no fim das contas, o DEM o mais provável destino. Será?
DÚVIDA
Em determinado momento, mesmo que a própria nada tenha afirmado publicamente, o MDB conviveu com a ideia de que a vereadora (atual secretária de Cultura) Marta Zanella (foto) só concorreria à prefeitura, mas não mais à Câmara. Como o nome de Francisco Harrisson desponta como "pole position" para o cargo executivo, fica a dúvida: Marta disputa a reeleição? Ou será vice? Ou...
PARA FECHAR!
Que ninguém duvide: se até aqui o escudos do "pré-campanha" ou o do "ainda é cedo" predominaram, agora é mesmo tudo (ou quase) disputa eleitoral. Todos os passos, seja de governistas ou oposicionistas, têm a marca do 4 de outubro. Ou, em casos bem específicos, até mesmo do 25 do mesmo mês, data do eventual (possível? provável?) segundo turno.